

A União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) assinalou quatro décadas de história, diálogo e de cooperação entre as suas cidades e empresas, ligadas por uma herança comum: a língua portuguesa. Para celebrar os 40 anos de existência, a UCCLA promoveu no dia 28 de junho, um programa especial de comemorações que reuniu representantes de cidades, parceiros institucionais e convidados de destaque no panorama lusófono.
Transmissão vídeo das comemorações
Reportagem fotográfica das comemorações
As comemorações contaram com a presença do Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, do Ministro da Economia e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, da Secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Inês Domingos, do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, embaixadores e diversas individualidades.
Intervenções institucionais:
O Secretário-Geral da UCCLA, Luís Álvaro Campos Ferreira, agradeceu a todos os presentes, por darem “a devida e a justa importância a uma organização que tem as características da UCCLA”, acrescentando que a organização não existiria caso não tivesse havido “visão do Eng. Krus Abecasis, ele percebeu que depois da descolonização era necessário encontrar caminhos, era necessário encontrar pontes, era necessário encontrar formas de voltar a comunicar e foi essa visão que, depois, foi agarrada” pelos diferentes secretários-gerais que “são a história viva desta organização”, definindo-a como a “mais conseguida concretização da lusofonia”.
Ao celebrar 40 anos da UCCLA, não poderemos deixar de estacar a língua portuguesa que “é mais do que um património comum, é um território de futuro, construído por cidades vivas e plurais. Ou seja, esta capilaridade que a UCCLA tem, de juntar cidades com cidades, juntar projetos com projetos, dá-lhe um dinamismo imparável, porque não somos só nós, são muitos, e são muitos que ajudam, não são muitos que ficam a ver acontecer, são muitos que fazem acontecer. E porque esta língua, que é o chão comum que temos, como agora se diz, não é apenas falada, não é uma questão formal, esta língua é vivida.” São “40 anos de caminhos, de sonhos, de pontes. São 40 anos a ligar o que a história aproximou e, digo eu, o que o futuro precisa. A UCCLA é a geografia onde a língua se transforma em laços”, referindo o “poeta” “não há longe, nem distância, porque a distância vence com o afeto, a distância vence com a cultura, a distância vence com a arte, a distância também se vence com a criação de relações económicas, com a criação de riqueza e com a justa distribuição dela, e esta distância vence também com a cooperação, com a cooperação entre estas diversas cidades. Eu diria mesmo que, em cada cidade UCCLA há mesmo um sotaque de esperança. Falamos a mesma língua. Mas é na diferença que nós nos reconhecemos. E é nessa diferença que nós nos respeitamos. A UCCLA é memória, mas também é missão, é história.”
Mais do que uma rede de cidades, a UCCLA “tem sido um caminho, um caminho com sentidos, mas também um caminho com sotaques. A UCCLA é um poema longo, escrito por muitas mãos, em muitas cidades, mas com o mesmo alfabeto de esperança. E a cultura, que é uma das dimensões fortes desta casa, é feita também muito através da cooperação, ou se quiserem ao contrário, a cooperação é um ato de cultura. Cooperação é crescer juntos, sem que ninguém fique para trás. A cooperação não é ajuda, é encontro, é escuta. A cooperação é construção em comum. A cooperação dignifica quando reconhece no outro um parceiro e não um destinatário. E o desenvolvimento mais profundo é aquele que respeita as raízes.” Terminou, afirmando que a “UCCLA tem-nos mostrado que falar a mesma língua é importante, mas fazer parte do mesmo sonho é essencial”.
O busto de Camões, que seria inaugurado pouco tempo depois, é de “um Camões diferente. Nós não arriscamos a fazer as feições do Camões. É uma grande discussão sobre isso. Para todos nós, Camões foi o símbolo da língua e por isso um dos símbolos principais da lusofonia. Por isso, não corremos o risco de fazer um retrato, uma figura fiel do Camões. O escultor (Diogo Muñoz), que é muito talentoso, não lhe pôs pala. Aqui tem uma cicatriz, que é a cicatriz que demonstra, exatamente, esse lado dele, mais mundano, mais atrevido. E a coroa de louros do Camões significa a língua portuguesa, que cresce e ramifica.” Luís Álvaro Campos Ferreira adiantou que o busto “vai ser posto em todas as cidades de língua portuguesa, que foram fundadoras da UCCLA”.
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, começou por agradecer a generosidade de Luís Álvaro Campos Ferreira por ter aceite o “desafio” e a “missão”, enquanto Secretário-Geral pela “sua devoção, a sua capacidade de entrega, e o Luís quando se entrega, entrega-se na sua totalidade,
como pessoa, como homem e como grande profissional”, acrescentando que tem adicionado “dinamismo” e “energia” à UCCLA.
A UCCLA representa “40 anos de um grande projeto, um grande projeto que mudou de certa forma a relação com as cidades capitais, mas também com os países, porque ela é a precursora da CPLP e é a precursora dessa relação entre países, e em que a base dessa relação era as cidades, porque as cidades era a única maneira de ter uma relação que era de igual para igual. O ADN da UCCLA é esta relação entre as cidades de língua portuguesa, em que todas são iguais e em que todos aprendemos. Lisboa aprendeu tanto, tanto, e ainda aprende tanto com todas as cidades de língua portuguesa e todas estas capitais de língua portuguesa. O meu primeiro sentimento é obrigado, obrigado lisboetas, obrigado à UCCLA, obrigado pelo que têm sido, obrigado por estes 40 anos, obrigado a Nuno Krus Abecasis, que era realmente um visionário”.
O autarca lisboeta fez um reconhecimento a todos os que trabalham na UCCLA, “um trabalho espetacular, um trabalho na área da educação, da cooperação, da inovação, da literatura e tudo isso é feito de todos” “Obrigado à UCCLA por estes 40 anos” terminou.
Apresentação e obliteração do selo comemorativo do 40.º aniversário da UCCLA, gentilmente patrocinado e produzido pelos CTT:
No palco esteve o presidente da Fundação Portuguesa das Comunicações e Diretor dos CTT, Raul Moreira, que afirmou ter “orgulho” em estar presente e apresentar o “selo, sob a forma de postal inteiro” que é uma das “coisas melhores que nós já fizemos, já colocámos em circulação”. A cerimónia consistiu em “colocar em circulação o postal que foi criado, com design da casa (designer Catarina Amaro da Costa) para celebrar os 40 anos da UCCLA”. Para assinalar o momento, estiveram no palco os responsáveis que procederam ao carimbo do selo nos postais, assim como rubricaram os mesmos.
Inauguração da exposição fotográfica sobre o fundador da UCCLA, “Nuno Krus Abecasis - Lisboa 1980-1990”:
A exposição integra uma importante retrospetiva fotográfica, tendo por base o acervo do Arquivo Fotográfico, oferecendo um olhar sobre as intervenções e os projetos realizados por Nuno Krus Abecasis durante os três mandatos autárquicos em que esteve à frente da cidade, entre 1980 e 1990.
Através de um conjunto de imagens captadas ao longo dessa década marcante para a cidade, a exposição permite reviver momentos de transformação urbana e social que ajudaram a moldar a Lisboa que conhecemos hoje. Cada fotografia narra não apenas a evolução da cidade, mas também a visão, o compromisso e a dedicação do Engenheiro Nuno Krus Abecasis, cuja ação política e administrativa teve um impacto duradouro na comunidade lisboeta.
Com entrada gratuita, a mostra poderá ser visitada até ao dia 28 de agosto, de segunda a sexta-feira, das 10 às 13 e das 14 às 18 horas.
Mais informações sobre a exposição “Nuno Krus Abecasis - Lisboa 1980-1990”
Momento musical por Carlos Alberto Moniz:
Carlos Alberto Moniz é um dos maiores símbolos da Música Popular Portuguesa da sua geração, com grande prestígio nacional e internacional.
Ao longo da sua carreira criou uma relação transversal com o público que tanto o acarinha, quer pela sua música, quer pelo seu trabalho em televisão, nomeadamente o trabalho ligado aos programas para a infância que todos têm na memória, bem como pelo seu trabalho na rádio com as comunidades portuguesas além-fronteira.
A sua versatilidade artística e humana proporciona momentos musicais de rara qualidade, quer no âmbito da música açoriana, da canção de texto ou da música para crianças.
Programa comemorativo - 28 de junho:
- Sessão solene com intervenções institucionais;
- Projeção do vídeo institucional do percurso da UCCLA;
- Lançamento do selo comemorativo dos CTT;
- Apresentação de projeto de cooperação em curso;
- Entrega de camisola pelos 40 anos da UCCLA;
- Descerramento do busto de Luís Vaz de Camões, da autoria de Diogo Muñoz;
- Inauguração da exposição fotográfica sobre o fundador da UCCLA, “Nuno Krus Abecasis - Lisboa 1980-1990”;
- Momento musical por Carlos Alberto Moniz.
No foyer esteve, igualmente, patente a exposição “Rostos da Imigração”, do fotógrafo Alfredo Cunha.
Estas comemorações são também uma oportunidade para projetar o futuro, reafirmando o compromisso da UCCLA no reforço dos laços culturais, sociais e económicos no espaço da lusofonia.
Criada em 1985, a UCCLA tem sido uma associação fundamental de intercâmbio cultural, desenvolvimento sustentável, fortalecimento institucional e partilha de boas práticas entre cidades. Ao longo de quatro décadas, a organização consolidou a sua missão de fomentar laços de solidariedade e cooperação entre povos e territórios.