Oferta da coleção de livros da Casa dos Estudantes do Império

Oferta da coleção de livros da Casa dos Estudantes do Império

Decorreu, dia 18 de junho, a cerimónia de entrega simbólica da coleção integral dos 22 volumes que os então jovens estudantes universitários associados da Casa dos Estudantes do Império (CEI) publicaram na coleção Autores Ultramarinos e que a UCCLA reeditou por ocasião da homenagem aos associados da CEI, assim como de mais um volume elaborado pela Professora Doutora Inocência Mata.

Numa ação conjunta entre a UCCLA (responsável pela edição) e o jornal Sol (responsável pela distribuição e patrocínio exclusivo), foi entregue uma declaração a diversas Embaixadas, Universidades com cursos de Estudos Africanos e Associações lusófonas, com indicação da quantidade de livros da coleção que iriam receber gratuitamente - 59 instituições e 1945 coleções de livros.

   


A entrega foi feita pelo Secretário-Geral da UCCLA, Vitor Ramalho, e pelo Administrador do jornal SOL, José Marquitos, na presença do Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Luís Campos Ferreira.

Na ocasião, Vitor Ramalho relembrou que a homenagem (à CEI) “já tardava, nomeadamente aos jovens, estudantes universitários, das ex-colónias, que vieram para Portugal” por quererem continuar a estudar e não terem universidades nos seus países. O local que albergava esses jovens era a Casa dos Estudantes do Império, criada pelo regime anterior, em 1944, e nela se formaram muitas personalidades incontornáveis da cultura, da política, das letras dos países de língua portuguesa.

 


Enumerando as várias iniciativas que decorreram no âmbito da homenagem à CEI, o Secretário-Geral agradeceu a todas as entidades públicas e privadas que apoiaram o evento e enalteceu a exposição que está patente nos Paços do Concelho, até ao dia 25 de junho, manifestando a vontade de que essa mesma exposição possa estar disponível nos diversos centros de cultura das capitais dos países de língua oficial portuguesa e para isso contará com o apoio da Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação.

Vitor Ramalho anunciou, ainda, a edição das atas do Colóquio Internacional sobre a CEI, que decorreu na Fundação Calouste Gulbenkian, no mês de maio, uma vez que “tivemos a felicidade de trazer, a Portugal, todos os ex jovens estudantes que, na altura, acabaram Presidentes da República ou Primeiros-Ministros” como Pedro Pires (Cabo Verde), Miguel Trovoada (São Tomé e Príncipe), França Van Dunem (Angola), Mário Machungo e Pascoal Mocumbi (Moçambique). Joaquim Chissano (Moçambique) por questões de saúde não pode estar presente, mas esteve em videoconferência.

Para o Secretário-Geral o objetivo desta distribuição de livros é muito importante uma vez que são “obras invulgares de autores conhecidos, ou grande parte deles, como Manuel Rui Monteiro, Viriato da Cruz, Alda Lara, entre outros”. O responsável agradecendo muito especialmente a colaboração de José Marquitos, Administrador do jornal Sol, salientou, ainda, que foram editados 40 mil exemplares para serem doados e que o jornal Sol fará a divulgação de 1 milhão de livros.

Vitor Ramalho terminou afirmando que “não há futuro sem memória e a luta foi uma luta comum em prol da liberdade e da democracia”.

Para José Marquitos a homenagem à CEI é um “grande movimento cultural” e, após contacto com o Secretário-Geral da UCCLA, o Jornal Sol assumiu-me desde a primeira hora como um parceiro institucional para a produção e distribuição da coleção integral dos 23 livros. A UCCLA assegurou os direitos de autor e entregou os exemplares para reprodução numa versão uniformizada, um “trabalho notável feito pela UCCLA” acrescentou.

Assegurando a produção de 40 mil coleções, num investimento de mais de meio milhão de euros, o responsável afirmou que “fizemo-lo com todo o prazer e com todo o gosto, foi a nossa participação para este movimento que consideramos um movimento muitíssimo importante em termos da divulgação destes autores, do que se passou no tempo em que eles os fizeram e da língua portuguesa em geral”. A distribuição foi feita a título gratuito pelo jornal Sol em Portugal e Angola.

José Marquitos agradeceu aos colaboradores do Jornal Sol que “fizeram um trabalho de acompanhamento da saída dos livros, projetando quem os tinha escrito, o movimento em que estavam integrados”, dando uma “panorâmica e um interesse acrescentado ao próprio livro e isso foi feito ao longo de 23 semanas”.   

O Secretário de Estado saudou todos os presentes e representantes de instituições que “em boa hora se juntaram a esta excelente e importante iniciativa”. Esta coleção é importante para “fazer reviver um conjunto de histórias, de memórias, de talentos, de criatividades, de presenças, de vivências, mas é também muito importante porque nos faz lembrar aquilo que nos une aos povos destes países, que é um pouco da cultura comum, mas também um conjunto significativo de objetivos comuns… a liberdade, a democracia, a liberdade de expressão, a liberdade de criar, a liberdade de construir, a liberdade de pensar, a liberdade de ser”.

Para Luís Campos Ferreira, o Secretário-Geral da UCCLA ao homenagear a CEI “prestou um grande serviço à comunidade dos países de língua portuguesa e aos povos destes países”, porque “ao mexer, no bom sentido que a palavra tem, nesta história dos estudantes da Casa do Império e ao mexer nestas histórias veio permitir que os mais jovens saibam do que estamos a falar e saibam também o outro lado da história que muitas vezes é desconhecido”. Para o responsável trata-se de “um serviço que a diplomacia portuguesa muito lhe agradece e que a diplomacia portuguesa muito precisava”.

Felicitando Vitor Ramalho e José Marquitos, o Secretário de Estado acrescentou que esta é a “oportunidade que temos de revisitar afectos”, através de relações de “cultura, de cumplicidades, de grande ligação espiritual” e por “terem trazido ao conhecimento de todos e potencializar esse mesmo conhecimento” através desta iniciativa e do seu valor para o fortalecimento das “nossas relações”.

O Secretário de Estado concluiu afirmando que Vitor Ramalho “teve a bondade de demonstrar que, sem pieguices e sem ficarmos agarrados a um passado, que não tem capacidade de produzir um presente e um futuro, bem antes pelo contrário, com esta iniciativa deu uma boa lição a todos do quanto é importante olhar nos olhos, tocar nas mãos, o ter a lágrima no olho às vezes, o acordar para que o futuro tenha outro progresso, outras sensibilidades e que tenha outro gosto para se viver. Por isso obrigado por se lembrar que nas relações entre os nossos povos, havia pontos fundamentais que os uniam… a criatividade, a luta pela liberdade, a luta pela democracia e o talento”.


Listagem de livros:
Linha do Horizonte – Aguinaldo Fonseca
Godido – João Dias
Amor – Mário António
Fuga – Arnaldo Santos
A Cidade e a Infância – Luandino Vieira
Poemas – Viriato da Cruz
Poemas de Circunstância – António Cardoso
Terra de Acácias Rubras – Costa Andrade
Kissanje – Manuel dos Santos Lima
Poemas – Agostinho Neto
Poemas – António Jacinto
Poesias – Alexandre Dáskalos
Poesia Angolana – Tomaz Vieira da Cruz
Diálogo – Henrique Abranches
Caminhada – Ovídio Martins
Chigubo – José Craveirinha
Quinaxixe – Arnaldo Santos
Cancioneiro Popular Angolano – Gonzaga Lambo
Literatura Angolana – Carlos Ervedosa
Consciencialização na Literatura Caboverdiana – Onésimo Silveira
Negritude e Humanismo – Alfredo Margarido
Canções Populares de Nova Lisboa – Alfredo Margarido
Número especial - A Casa dos Estudantes do Império e o lugar da literatura na consciencialização política – Inocência Mata

 

 

Publicado em 18-06-2015