O livro “As Roças de São Tomé e Príncipe” é uma obra de referência e um instrumento importante para o estudo do património histórico e arquitetónico de São Tomé e Príncipe.
Da autoria de Duarte Pape e Rodrigo Rebelo de Andrade, com fotografia de Francisco Nogueira, esta publicação resulta de um trabalho aprofundado de investigação histórica, arquitetónica e documental, oferecendo um retrato abrangente das antigas roças de cacau e café que marcaram a organização do território são-tomense.
Editado pelas Edições Tinta-da-China (2013), o livro articula textos de enquadramento histórico com um extenso registo visual, documentando a arquitetura, a paisagem e o quotidiano, e contruindo para a valorização e compreensão de um legado determinante na construção social e económica de São Tomé e Príncipe.
Ao longo de cerca de 240 páginas, os autores analisam a génese e a evolução das roças, a sua implantação no território, os programas e tipologias arquitetónicas, bem como o impacto económico e social no desenvolvimento do arquipélago. A obra inclui ainda descrições detalhadas de roças emblemáticas e um inventário das principais estruturas existentes.
As roças, atravessadas por múltiplas influências arquitetónicas, ultrapassam a dimensão patrimonial: constituem herança e memória coletiva, cujo conhecimento, preservação e conservação são essenciais para a história e a cultura são-tomense.
Podemos, assim, reconhecer grandes eixos complementares:
- Estudo histórico-arquitetónico das roças (antigas plantações/casas agrícolas) desde a sua origem e consolidação no período colonial até às transformações contemporâneas;
- Inventário abrangente dos principais conjuntos de roças nas várias zonas do arquipélago (Lembá, Lobata, Água Grande, Mé-Zóchi, Cantagalo, Caué e Pagué);
- Livro fotográfico, com imagens do Francisco Nogueira, que registam edifícios, paisagens e vivências quotidianas.
Conteúdos no índice:
- Enquadramento histórico (ocupação do território, ciclos económicos, diferença entre roças, engenhos, fazendas e fincas);
- A roça no território e o papel das empresas agrícolas;
- Programas e tipologias de roça (terreiro, avenida, cidade e atípicas), com leitura dos principais elementos - casa principal, hospitais e postos de saúde, sanzalas, secadores e armazéns, escolas e creches, entradas e acessos, e sistemas construtivos e materiais;
- Estudo de cinco grandes sedes (Água-Izé, Monte Café, Porto Alegre, Rio do Ouro e Sundy) e cinco dependências (Bela Vista, Paciência, Soledade, Uba-Budo Praia e Vista Alegre);
- A roça nos séculos XX e XXI, o ciclo produtivo e o seu legado;
- Inventário, cronologia, notas, bibliografia, agradecimentos e notas biográficas.
“Mas há um local especial em África, mesmo único nas suas características, que, embora de reduzidas dimensões e limitada geografia - duas pequenas ilhas no Golfo da Guiné -, contém um conjunto arquitectónico e, diríamos, territorial, inigualável (…). Falamos do arquipélago de São Tomé e Príncipe e das suas cidades, mas sobretudo das suas celebradas roças. É este o âmbito do presente livro, As Roças de São Tomé e Príncipe, que os arquitectos e investigadores Duarte Pape e Rodrigo Rebelo de Andrade elaboraram com grande aprofundamento, rigor e desenvolvimento. (…). Como resultado deste percurso construído e sabedor, eles conseguem, na presente obra, realizar o estudo editado mais aprofundado, inovador, esclarecido e polifacetado que se conseguiu até hoje sobre esse tema.” - Prefácio, por José Manuel Fernandes
Biografias:
Duarte Pape
Nasceu em 1982, em Lisboa. Licenciou-se em Arquitetura pelo Instituto Superior Técnico, com trabalho final subordinado ao tema “Projeto urbano em Chelas” orientado pelo arquiteto Manuel Salgado (2006). Expôs no Festival Beyond Media, Florença, 2006, com o trabalho «Roman theatres according to the rules of Vitruvio». Em 2007, iniciou a sua colaboração com o ateliê Promontório Architecture, desenvolvendo projetos nas áreas de retail, turismo, habitação e lazer, desde as fases de masterplan até ao projeto de execução e assistência técnica à obra (2007-2010). Colaborou ainda com os escritórios CPU Retail Architects e SMRS arquitetos. Desenvolve atualmente os seus próprios projetos, de entre os quais se destaca a Casa no Vale de Abelha (2012). Dedica-se, com o arquiteto Rodrigo Rebelo de Andrade, ao estudo e intervenção no património de origem portuguesa em África, com especial enfoque nas roças de São Tomé e Príncipe. Autor de diversas publicações e comunicações dedicadas ao tema, criou e comissariou a exposição itinerante Inventar(iar) as roças de São Tomé e Príncipe, integrada na Sexta Bienal de Arte e Cultura de São Tomé e Príncipe (Lisboa e Seixal, 2012).
Rodrigo Rebelo de Andrade
Nasceu em 1981, em Lisboa. Licenciou-se em Arquitetura pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, com tese final de curso subordinada ao tema As roças de São Tomé e Príncipe - o passado e o futuro de uma arquitectura de poder, orientada pelo arquiteto Manuel Graça Dias (2008). Foi bolseiro do programa Erasmus em Madrid, na ETSAM (Escuela Técnica Superior de Arquitectura), em 2007. Em 2008 iniciou a sua colaboração com o arquiteto Eduardo Souto Moura, desenvolvendo projetos nas áreas de habitação e turismo, desde as fases de estudo prévio até ao projeto de execução. Dedica-se, com o arquiteto Duarte Pape, ao estudo e intervenção no património de origem portuguesa em África, com especial enfoque nas roças de São Tomé e Príncipe. Autor de diversas publicações e comunicações dedicadas ao tema, criou e comissariou a exposição itinerante “Inventar(iar) as roças de São Tomé e Príncipe”, integrada na Sexta Bienal de Arte e Cultura de São Tomé e Príncipe (Lisboa e Seixal, 2012).
Francisco Nogueira
Nasceu em 1985, em Lisboa. Licenciou-se em Arquitetura pela faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa (2008). Foi bolseiro do programa Erasmus em Barcelona, na ETSAV (2006) e bolseiro do programa de estágios INOV Contacto no atelier Ventura Valcarce Arquitectos, em Barcelona (2010). É fotógrafo autodidata, trabalhando profissionalmente desde o início e 2008. Desde final de 2010, dedica-se exclusivamente à fotografia de arquitetura, colaborando regularmente com ateliers e revistas de arquitetura em Portugal e no estrangeiro.