Livro “Os Desastres da Guerra” de Valentim Alexandre

Livro “Os Desastres da Guerra” de Valentim Alexandre

A mais recente obra do historiador português Valentim Alexandre “Os Desastres da Guerra” é uma descrição real e fundamentada de um período conturbado, ainda hoje, e pouco explorado, do conflito colonial em Angola, em 1961, suas repercussões sociais e políticas e relações internacionais com Portugal.


Nas livrarias desde 22 de julho de 2021, este livro, com a chancela da Círculo de Leitores, atraiu já a atenção de vários estudiosos e investigadores da história de Angola e de Portugal.

Trata-se de uma obra imprescindível para quem procura aprofundar os conhecimentos em torno do que representou o período precedente à libertação de Angola e, em particular, acerca dos conflitos armados que tiveram lugar de janeiro a abril de 1961 e os seus efeitos políticos e sociais.

Este livro é produto de uma sólida investigação, com recurso à documentação do “Arquivo Oliveira Salazar”, publicações e relatos de jornalistas, de ambos lados da barricada (Angola e Portugal), obras publicadas à época e depoimentos de militares. A escrita de Valentim Alexandre prima, ofício da sua ocupação de investigador, pela interpretação e compreensão de factos e atos, nua de julgamentos.


Biografia:
Valentim Alexandre nasceu em Lisboa, a 9 de abril de 1942. É licenciado em Direito, pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (1967) e doutorado em História Política e Institucional, pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (1989). É investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, desde 1994, investigador jubilado do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, é autor de várias publicações, desde artigos de jornal, capítulos e obras completas, a recensões e artigos científicos. Os temas centrais da sua análise dizem respeito à história colonial e às relações externas portuguesas, com enfoque nos séculos XIX e XX.

De entre os livros publicados, elencam-se: Os Sentidos do Império - Questão Nacional e Questão Colonial na Crise do Antigo Regime Português (Porto, Afrontamento, 1993); O Império Africano, 1825 - 1890 (coordenador, com Jill Dias), (Lisboa, Editorial Estampa, 1998); Velho Brasil, Novas Áfricas-Portugal e o Império, 1808 - 1975 (Porto, Afrontamento, 2000); O Roubo das Almas - Salazar, a Igreja e os Totalitarismos,1930-1939 (Lisboa, Dom Quixote, 2006); e A Questão Colonial no Parlamento, 1821 - 1910 (Lisboa, Assembleia da República e Dom Quixote, 2008). Em 2017, publicou na Temas e Debates Contra o Vento - Portugal, o Império e a Maré Anticolonial (1945-1960).


Sinopse:
Em começos de 1961, três grandes convulsões, em zonas geográficas diferentes, abalaram o domínio colonial em Angola - a revolta de Baixa de Cassange, de janeiro a março; o assalto às prisões de Luanda, em fevereiro; e a insurreição no norte do território, a partir de 15 de março. O estudo destas rebeliões e das suas repercussões políticas e sociais em todo o território angolano ocupa a primeira parte do livro.

A segunda aborda as consequências desses eventos na vida política da metrópole: a alteração profunda do quadro de relações internacionais em que Portugal se movia; as reações das várias forças políticas, do regime e da oposição; e as turbulências no meio militar, que conduziram ao movimento conhecido por Abrilada, levada a cabo pelas mais altas instâncias das Forças Armadas, pondo em causa o poder de Salazar.

Quebrando o mito da pax lusitana, as revoltas de inícios de 1961 em Angola marcam de modo indelével a História de Portugal no século XX, não apenas porque abriram caminho a uma guerra de 13 anos, mas também porque foram, em si, um terramoto que abalou e transformou a vida da colónia, com repercussões profundas na metrópole e em todo o império. Ainda hoje, é difícil ao País lidar com elas. Este livro representa um esforço para as tratar com o distanciamento que deve ser o apanágio do historiador, votado, não a julgar, mas a interpretar e a compreender, na medida em que lhe é possível - o que não significa de modo algum justificar ou minimizar atos e comportamentos, aqui descritos em toda a sua crueza. Ao leitor de fazer o seu juízo



Fonte da Biografia (adaptei ligeiramente) e da Sinopse


Entrevista do Público, na sequência do lançamento do livro

 

 

Publicado em 17-08-2021