Nesta edição destacamos o livro “Africa in Transformation: Economic Development in the Age of Doubt” (“África em Transformação: Desenvolvimento Económico em Tempos de Incerteza”) da autoria do académico guineense Carlos Lopes.
Lançado em fevereiro de 2019, e com a chancela da editora Palgrave Macmillan, as páginas do livro dão corpo à experiência e visão adquirida por Carlos Lopes, nos vários cargos que exerceu.
Sinopse:
Este livro é baseado nas minhas reflexões, ao longo dos últimos anos, sobre as problemáticas do desenvolvimento africo que foram recentemente expressas por vários blogues, discursos e palestras desenvolvidas em África. Gostava de agradecer a todos aqueles que me proporcionaram a oportunidade de compartilhar alguns desses materiais antes que este volume fosse editado.
Eu tenho procurado alcançar três objetivos gerais: (a) reverter a tendência emergente nos debates sobre o desenvolvimento africano, que parece minimizar os desafios do continente nas últimas duas décadas devido a uma narrativa simplista, por vezes eufórica; (b) expandir o conhecimento sobre o continente usando uma abordagem histórica e contextual, que até à data não estavam disponíveis para o leitor em geral; e (c) fazer sugestões práticas aos decisores políticos sobre como “priorizar” as mudanças num continente complexo, mas dinâmico.
Este trabalho é o culminar de quatro anos de esforços na liderança do principal grupo de especialistas em desenvolvimento e enquanto braço político das Nações Unidas nas Nações Unidas no continente, a Comissão Económica para África, com sede em Adis Abeba. É uma tentativa de alargar o espectro político e fornecer formas de pensar alternativas sobre as oportunidades e desafios existentes na capacitação da transformação socioeconómica de África. O livro contém as minhas percepções sobre a aceleração da industrialização enquanto aspecto fundamental dessa mesma transformação. A meu ver, a própria ideia de que a industrialização foi “descartada” da agenda oficial de desenvolvimento por um período tempo é lamentável, dada a relevância do comércio como meta, em vez de como facilitador. A história sugere que o caminho para o desenvolvimento passa pela industrialização, não necessariamente com o objetivo de construir fábricas e da produção independente de mercadorias, mas sim porque se trata de um passo para a mudança dos sistemas produtivos e modernização do ecossistema económico.
Este livro vai além da narrativa optimista/feliz/utópica sobre "a ascensão da África" e tenta mover os debates da teoria para a prática. Apresentando perspectivas políticas inovadoras sobre questões críticas/prementes e ações necessárias para a mudança no complexo contexto das economias africanas, concentrando-se no desenvolvimento a longo prazo.
O livro é construído em torno de desafios, nada menos que oito. Como os marinheiros que enfrentam ondas assustadoras e aprendem, através da experiência, de como melhor se prepararem, os africanos precisam de enfrentar uma infinidade de desafios com determinação. A aprendizagem está no caminho. Para concretizar um objeto, começamos pelas matérias-primas. Para transformar a África, temos que começar com por aí. Se é desafiante, difícil, vamos duplicar a energia. Mares suaves não fazem marinheiros hábeis.
Biografia de Carlos Lopes:
Nasceu em março de 1960, em Canchungo, Região do Cacheu, Guiné-Bissau. É Doutor em História pela Universidade de Paris 1/Panthéon-Sorbonne. Professor na Nelson Mandela School of Public Governance, Universidade de Cape Town e Professor Visitante de Sciences Po, Paris. Foi Visiting Fellow da Oxford Martin School da Universidade de Oxford em 2017 e é, atualmente, Associate Fellow de Chatham House (Royal Institute of International Affairs). Dirigiu várias organizações da ONU, fi director político do Secretário-geral Kofi Annan e seu representante no Zimbábue e Brasil. Retirou-se em 2016 como Secretário-geral Adjunto da organização. O único Africano Lusófono até agora a atingir esse nível. Desempenha, atualmente, funções de Alto Representante da União Africana para as Parcerias com a Europa. Tem uma vasta obra, sendo o seu último livro o que aqui apresentamos.