Decorreu no auditório da APEL da Feira do Livro de Lisboa, no dia 14 de junho, o lançamento da obra vencedora da 4.ª edição do Prémio Literário UCCLA - Novos Talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa atribuída ao livro “Praças” da autoria de A. Pedro Correia. Na ocasião foi, igualmente, anunciada a abertura de 5.ª edição do Prémio Literário.
Intervieram na sessão o Secretário-Geral da UCCLA, Vitor Ramalho, o editor da Bela e o Monstro, João Pinto de Sousa, o representante do Movimento 2014, José Ribeiro e Castro, o coordenador cultural da UCCLA, Rui Lourido, e o vencedor da edição, A. Pedro Correia. A representar o todo do júri desta edição esteve Inocência Mata.
Agradecendo a presença de todos os presentes, Vitor Ramalho enalteceu a adesão de participantes nesta edição e reforçou a importância deste prémio. Manifestou o gosto pelo livro agora apresentado “pelo conteúdo e pela circunstância de dizer muito em poucas palavras”, sendo o livro “Praças” “fruto de muita imaginação, porque reflete vários textos pequenos de pessoas que se interrogam ou interrogam sobre aquilo que é o dia-a-dia da vida, quer a nível concreto, quer ao nível mais geral, mas que a todos nos interpela também. E tudo isto se passa como se ocorresse numa praça”.
O Movimento 2014 e o seu aparecimento foi explicado por José Ribeiro e Castro, tendo depois destacado a existência do Prémio Literário UCCLA e o número de candidaturas que o mesmo tem. Este prémio é uma “forma de perpetuarmos a língua, que eu considero um dos nossos mais fortes, senão o mais forte recurso estratégico, não só de Portugal, mas de todos os países de língua portuguesa”.
Para o autor, A. Pedro Correia, havia um desconhecimento da existência deste prémio, mas elogiou a ideia do mesmo pela “democraticidade bastante ampla, em que as regras não são muitas, nem muito limitadoras, basta que se escreva em português e que não se tenha uma obra editada”, acrescentando que o prémio “tem percorrido um caminho sempre em crescendo e que faz pensar que se afirmará no futuro como um prémio com ainda maior prestígio e com capacidade para ser um prémio de referência neste âmbito da língua portuguesa e de novos autores”.
Relativamente ao seu livro, destacou as leituras feitas do mesmo por António Carlos Secchin, António Carlos Cortez, Germano Almeida e José Pires Laranjeira e que “têm a ver com o espírito com o qual o livro foi escrito. E todos eles chamam a atenção, de alguma forma, para uma certa violência que existe neste livro, e essa violência é propositada enquanto tema que aqui estão nestes textos, porque tratando-se de um livro de ficção tem alguma inspiração hiper-realista” ou seja é um livro que “de alguma maneira pretende ‘pôr o dedo na ferida’ em relação a aspetos da nossa vida, muito atual, que são dramáticos e crus e, por vezes, cruéis”. Destacando a citação do poeta inglês que provavelmente “é o grande tema por trás deste livro”: “Vai, vai, vai, disse a ave: O género humano não pode suportar muita realidade” (T. S. Eliot), afirmou que traduz uma “extrema realidade, ou realidade extrema”.
No livro existem pequenas histórias em que o autor procurou “reduzir a linguagem praticamente ao osso, procurei que não tivesse nem palavras, nem frases, nem metáforas, nem imagens supérfluas. Procurei, verdadeiramente, reduzir o livro àquilo que me pareceu essencial e, claro, direto. Por outro lado, não há nenhuma referência a nenhum grupo étnico, a nenhum país em concreto, a nenhum continente, porque também me interessava essa ideia da universalidade que o livro pudesse conter. Nesse sentido, as praças são de alguma forma o grande palco das relações humanas, o lugar onde as pessoas se cruzam, se encontram”.
Para o editor da Bela e o Monstro, João Pinto de Sousa, é um “sentimento de responsabilidade acrescida sobre a consolidação do prémio”, porque “pela sua essência e natureza” este prémio destina-se a quem “quer escrever”, uma vez que não tem valor pecuniário. Enaltecendo o destaque que o prémio tem vindo a ter, ao longo dos tempos, com um número bastante significativo de candidaturas, exaltou a qualidade das personalidades de “craveira intelectual e prestigiadas no nosso meio” que compõem o júri. Este projeto do prémio é um “contributo para a valorização da língua portuguesa”.
O coordenador cultural da UCCLA, Rui Lourido, agradeceu às técnicas Filomena Nascimento e Raquel Carvalho o trabalho desenvolvido para “pôr de pé este prémio”, assim como à representante do júri presente, Inocência Mata porque “ela representa o espírito deste júri, júri que tem membros de todos os países de língua portuguesa”.
A abertura da 5.ª edição do Prémio Literário UCCLA - Novos Talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa foi anunciada pelo Secretário-Geral da UCCLA.
Para além de amigos e familiares, marcou presença a coordenadora do Programa Gulbenkian Cultura da Fundação Calouste Gulbenkian, Mariana Portas, que é também uma das representantes da Fundação na Comissão Temática de Promoção e Difusão da Língua Portuguesa dos Observadores Consultivos da CPLP.
O Prémio Literário UCCLA é uma iniciativa conjunta da UCCLA e Editora A Bela e o Monstro, que conta com o apoio do Movimento 2014 e Câmara Municipal de Lisboa, e tem como objetivo estimular a produção de obras literárias, nos domínios da prosa de ficção (romance, novela e conto) e da poesia, em língua portuguesa, por novos escritores.