Inaugurado Jardim do Memorial do Massacre de Santa Cruz
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Inaugurado Jardim do Memorial do Massacre de Santa Cruz
TIMOR-LESTE | Díli
Publicado em 02-12-2025

No âmbito do projeto “Parceria para o Reforço da Governação Urbana, Inclusão Social e Promoção do Empreendedorismo, em Díli, Timor-Leste”, teve lugar no dia 26 de novembro, a inauguração do Jardim do Memorial do Massacre de Santa Cruz - terminando a implementação deste projeto, que durou 42 meses (1 de maio de 2022 até 30 de novembro de 2025).

Nesta cerimónia - cujo anfitrião foi o Ministro da Administração Estatal, em parceria com a Delegação da União Europeia em Timor Leste, cofinanciadora do projeto e com a UCCLA, coordenadora do mesmo - foi apresentado o mais recente espaço público requalificado na capital que dispõe de espaços verdes, zonas pedonais, iluminação, sanitários públicos, um Memorial e um Centro de Interpretação onde pode ser prestada homenagem e relembrado o Massacre de Santa Cruz, que ocorreu a 12 de novembro de 1991 e que marcou um ponto de viragem na Luta pela Libertação de Timor-Leste.

Além do Ministro da Administração Estatal, Tomás do Rosário Cabral, a cerimónia contou com a presença de outros membros do governo, membros do Parlamento Nacional, Embaixador de Portugal em Dili, Duarte Bué Alves, Embaixador da Delegação da União Europeia em Dili, Thorsten Bargfrede, Secretária-Geral Adjunta da UCCLA, Paula Leal da Silva, e ainda com representantes da autoridade municipal da cidade capital, bem como de outras altas entidades e representantes do corpo diplomático.


“Muito me apraz encontrar-me de novo em Dili, no quadro do projeto “Parceria para o Reforço da Governação Urbana, Inclusão Social e Promoção do Empreendedorismo, em Díli, Timor-Leste”, coordenado pela UCCLA e financiado pela Comissão Europeia, afirmou a Secretária-Geral Adjunta da UCCLA no início da sua intervenção.

“A União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) é uma união de municípios que falam português e que partilham valores, tradições culturais, uma história comum e objetivos convergentes. Com Timor-Leste, a UCCLA tem desenvolvido um trabalho de grande empenho”, materializado neste projeto “ambicioso, exigente, multifacetado e complexo”.

Este projeto não teria sido concebido sem o financiamento da União Europeia. E, ainda que concebido, não teria sido possível levá-lo a bom porto “sem a ajuda inestimável e incansável das autoridades timorenses, municipais e estatais, designadamente do Ministro da Administração Estatal”, cujo apoio foi absolutamente crucial para o sucesso desta intervenção.

“Foi para mim uma enorme honra ter coordenado este projeto ao longo do último ano e meio. Quero, por isso, deixar também uma palavra de reconhecimento ao meu antecessor na coordenação, Manuel Ferreira de Almeida, cujo contributo foi determinante para o caminho que hoje aqui celebramos”.

A intervenção que “hoje assinalamos produziu resultados palpáveis em múltiplos domínios”, contribuindo de forma concreta para a requalificação urbana da cidade de Díli e para a melhoria das condições de vida da sua população, referindo-se em particular:
•    à promoção do empreendedorismo;
•    ao reforço de competências profissionais e de acesso ao serviço público;
•    à inclusão social;
•    à prevenção rodoviária;
•    ao incentivo à participação cívica;
•    à melhoria da iluminação pública;
•    e ao embelezamento de espaços de lazer.

“De tudo isto se fazem as cidades. De tudo isto se faz a vida das pessoas que as habitam”. Mas este projeto encerrou também “outras ambições, mais simbólicas” e igualmente fundamentais. “Refiro-me à valorização da memória, dos lugares e da história de Timor-Leste, que devem ser cuidados e acarinhados hoje, amanhã e sempre”.

É por isso particularmente significativo “estarmos aqui, neste cemitério, onde jovens - jovens sem medo, movidos apenas pela fé no devir da sua nação - enfrentaram mares e tormentas pelo simples, mas maior, motivo: o de serem corajosos. Corajosos como cavaleiros sem o serem, soldados sem armas, ou crianças sem medo”.

Recordando o 12 de novembro de 1991, Paula Leal da Silva afirmou que se “assinalou, no passado dia 12, o 34.º aniversário do Massacre de Santa Cruz”, data que marcou de forma indelével a história de Timor-Leste e a consciência da comunidade internacional. Nesse mesmo dia, celebraram-se igualmente os 20 anos do Dia Nacional da Juventude, efeméride que, em Timor-Leste, é vivida com um “carinho e uma intensidade que dificilmente encontro em qualquer outra nação”.

“Há 34 anos, havia quem dissesse que Timor-Leste era um país impossível”. A história demonstrou o contrário. “Todos esses - e foram muitos - se enganaram. É também por isso que estamos aqui hoje”.

“Permitam-me, por fim, uma palavra de profundo reconhecimento a toda a equipa técnica que sempre operou em Díli, designadamente a Paula Carvalho, os engenheiros, arquitetos, fiscais de obra e trabalhadores, a toda a equipa da UCCLA que assegurou a gestão do projeto, e ainda aos colegas da Câmara Municipal de Lisboa, sem cuja parceria proficiente este projeto não teria chegado a bom porto”. “A todos, o meu sincero agradecimento”, concluiu.


O conceito do Jardim do Memorial do Massacre de Santa Cruz foi trabalhado junto do Comité 12 de Novembro, organização que congrega sobreviventes e familiares dos mártires do Massacre de Santa Cruz.

O projeto Parceria para o Reforço da Governação Urbana, Inclusão Social e Promoção do Empreendedorismo em Díli, Timor-Leste, ref.ª CSO/LA/2021/428-398, tem o financiamento da União Europeia e cofinanciamento do Governo de Timor-Leste, é implementado pelos parceiros Autoridade Municipal de Díli (AMD), União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) e Câmara Municipal de Lisboa (CML), sob orientação do Ministério da Administração Estatal. 

 

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