O auditório da UCCLA foi o local escolhido para se encerrar mais uma edição do Curso Livre História de Angola, coordenado por Alberto Oliveira Pinto e ministrado durante 27 semanas. A última aula, dia 30 de julho, ficou marcada pelo desejo de uma nova edição, pelas opiniões e desabafos dos alunos e pela garantia de que todos os contributos eram positivos para “transformar o curso em jindungo” como diria uma das alunas.

Fazendo questão de estar presente, o Secretário-Geral da UCCLA, Vitor Ramalho, afirmou que “é o ultimo dia desta iniciativa muito meritória com o Professor Oliveira Pinto, e fiz questão, porque tenho acompanhado, como é evidente, a atividade do senhor professor, o mérito que ele tem na obra que publicou, que já vai na terceira edição, e a isenção com que trata das questões de Angola, é seguramente uma das obras mais importantes, em termos de uma avaliação global da própria história de Angola e, inclusivamente, das perspetivas de futuro. E, por outro lado, queria também saudar aqui, todos os presentes, que se inscreveram para este acompanhamento com o senhor professor Oliveira Pinto, porque sei que o interesse pela relação de Portugal com Angola e, sobretudo de Angola, mesmo para aqueles que não nasceram lá, é muito importante pela riqueza que aquele país hoje tem, à escala global”.
Destacando os “momentos complicados do ponto de vista social, do ponto de vista económico, do ponto de vista financeiro” que Angola atravessa, Vitor Ramalho manifestou esperança na evolução desse “quadro, seguramente muito difícil e muito complexo. Isso não significa que nós, aqui em Portugal, não continuemos, cada vez mais, a afirmar a indispensabilidade desta relação frutuosa com Angola”.
Corroborando as preocupações manifestadas por Vitor Ramalho, Alberto Oliveira Pinto salientou um dado que o “tem surpreendido, que é a juventude. Uma geração de angolanos que têm agora trinta anos, vinte e tal anos, é uma geração que coloca questões permanentemente, põe em causa permanentemente, esta geração não está amorfa, não está indiferente. Não somente pela avidez com que procuram o meu próprio livro, mas também com as questões que colocaram. Portanto, eu tenho esperança na juventude.”
De seguida, procedeu-se à entrega dos diplomas de participação a todos os alunos, com o registo fotográfico para a posteridade.
Organizando detalhadamente o plano de estudos da segunda edição - juntamente com a editora Claudia Peixoto, da Mercado de Letras Editores - Alberto Oliveira Pinto convidou diversas personalidades académicas e de reconhecido mérito que contribuíram, ainda, mais, para o engrandecimento do curso. Foram elas Jean-Michel Mabeko Tali (Universidade de Howard, EUA), José Carlos Venâncio (Universidade da Beira Interior), Jorge Arrimar (escritor angolano), Helena Wakim Moreno (Universidade de São Paulo), Fátima Peres (aluna na primeira edição do curso), Marissa Moorman (Indiana University, EUA), Patrício Batsîkama (Universidade Tocoísta, Angola) e Tânia Celestino Macedo (Universidade de São Paulo).
Foi dada a palavra aos alunos e não faltaram os elogios ao professor, aos temas, à abordagem clara e concisa da matéria. O “curso superou, em muito, as expectativas que eu tinha formado no início. O que eu gostei particularmente foi do convívio entre a narrativa histórica que o professor ia fazendo, com a intervenção dos convidados que também participaram no curso, que acho que acrescenta uma dimensão fantástica a tudo isto” referiu um aluno, acrescentando “a minha avaliação global é cinco sobre cinco, com um enorme agradecimento e as felicitações a todos os envolvidos, quer do lado da organização e, em particular, ao professor Oliveira Pinto”. Para outro aluno “toda a abordagem foi de uma riqueza, que deve ser elogiada”.
“Tenho esperança de que este curso possa ascender a uma pós-graduação e quiçá um mestrado” destacou outro aluno.
Para outro aluno “este curso teve, do meu ponto de vista, a dupla vantagem de, por um lado aguçou a minha vontade de conhecer mais e melhor, mais profundamente a História de Angola, como uma necessidade intrínseca de um angolano, mas também agudizou um outro aspeto, que é a distância a que está o meu conhecimento, do conhecimento de Angola, do conhecimento da História de Angola. E daí que, desde já, quero informar que assim que abram vagas, contem com mais repetente!” afirmou.
Os elogios foram muitos à capacidade de explicação e de entrega do professor, à documentação fornecida e à cadência cronológica metódica da realidade geográfica, política e cultural de Angola.
Uma das alunas presentes quis ir mais além e leu uma carta que apelidou “o nosso Curso de História de Angola e o Jindungo” destacando “a arte do orador, a facilidade de cativar para o tema, de tornar simples uma coisa tão complexa como são as relações entre reinos, entre pessoas, entre aquela complexidade de todos aqueles povos. E o brilho que lhe ilumina o olhar quando fala de Angola e de determinados momentos de Angola. Este gosto de Angola e de saber, o gosto de saber que é contagiante e que tem esse dom. E pela arte de transformar o curso em jindungo”…. passando a ler: “em jindungo? Porquê? Porque o curso provoca-nos libertação de endorfinas. É um potente antioxidante, estamos todos mais novos. Preserva a saúde. Aumenta a libertação de noradrenalina e adrenalina, que são responsáveis pelo nosso estado de alerta que está associado à melhoria de ânimo. Nós, ao longo da aula, independentemente do cansaço, não dávamos pelo tempo passar. Portanto, jindungo! É antisséptico. É analgésico, cicatrizando a ferida da saudade da nossa terra. E é um anticoagulante, ativando a circulação arterial e melhorando a capacidade de aprendizagem. Eu chumbei professor! Eu quero vir para o ano!” assegurou.
No final da aula foi tirada uma fotografia com todos os presentes e a celebração final culminou com o repasto num restaurante de comida variada dos países de língua portuguesa.