O Primeiro-Ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, galardoou, no dia 16 de novembro, sete personalidades da cultura que, com dedicação, talento e obra feita, levam o nome de Cabo Verde além-fronteiras.
Foram entregues medalhas de mérito cultural do 1.º e 2.º grau, num ato simbólico, como forma de reconhecimento “pelo seu especial mérito demonstrado no domínio cultural”. O Governo pretende, assim, demonstrar que a cultura ocupa um lugar chave no desenvolvimento do país.
A condecoração foi às seguintes personalidades:
- Armando Tito - Guitarrista;
- Carmen Souza - Cantora (entregue ao pai);
- Maria Alice - Cantora;
- Marlene Freitas - Coreógrafa;
- Leonel Almeida - Cantor;
- Sara Tavares - Cantora (entregue a representante da cantora);
- Toy Vieira - Músico (entregue à sobrinha).
O ministro da Cultura de Cabo Verde, Abraão Vicente, reforçou que esta homenagem de atribuição da medalha de mérito cultural é a “forma como o Governo encontrou de fixar as dez ilhas, que muitas vezes não aparece no mapa-mundo, como a nossa referência cultural, geográfica, histórica e imaterial”. Este reconhecimento e esta medalha é o “reconhecimento de que o país os acompanha, o país os valoriza e o país coloca com toda a dignidade os artistas no lugar de estrelas, no lugar motor de desenvolvimento e promoção de Cabo Verde”.
De acordo com o ministro as personalidades foram distinguidas por:
- Armando Tito pela “figura que é, pelo homem que nos trocou as voltas de como se toca guitarra e, acaba por ser, o símbolo da ousadia, o símbolo da irreverência, o símbolo da inovação do modo como, preservando o tradicional, podemos levar a outros patamares a música caboverdiana”;
- Maria Alice pela “voz e por pertencer a uma geração de cantoras da morna que acabaram por fixar a morna como o nosso maior património e não seremos património mundial da humanidade se não preservarmos as pessoas que fazem a morna e que fazem da nossa música aquilo que é”;
- Leonel Almeida pela “figura incontornável, por ter levado Cabo Verde a várias latitudes e por ainda ser um dos grandes intérpretes da alma crioula, da saudade crioula”;
- Marlene Freitas numa “nova geração, pela dança, uma área novíssima, mas pelo facto de ser cidadã do mundo, intérprete não só da alma crioula mas intérprete de uma nova geração, de uma nova forma de se ser Cabo Verde cumprindo o nosso destino de ser universais e de sermos muito mais do que dez grãozinhos de terra no meio do atlântico”;
- Sara Tavares representa “toda a doçura, toda a inocência, todo o facto de nós como caboverdianos, apesar de nascermos e de vivermos na diáspora, pertencemos com toda a força à nação crioula. Apesar de ter o percurso todo ligado a Portugal, à Eurovisão, ter vivido cá, Sara está no eterno retorno ao umbigo, Cabo Verde, e o novo cd é prova disso da forma como ela canta em crioula, como percorre os nossos estilos e, tal como Marlene, universaliza o sentir caboverdiano”;
- Carmen Souza por “ter tido, também, o dom de colocar-nos no mapa do Jazz, através do crioulo, muito mais que o Jazz música, Jazz padrão, Carmen reinventa a nossa história, reinventa como o crioulo pode ser parte da nação global através de uma música padrão que é de facto cantado em crioula, que é o sentimento caboverdiano”;
- Toy Vieira é “um grande músico, é de uma família de São Nicolau que tem tido o dom de mostrar o que é a excelência. Acompanhante de grandes cantores caboverdianos, o Toy é de facto, pela sua generosidade, simplicidade e descrição, uma das referências e uma modo de ser do homem de São Nicolau que, apesar de discreto, deixa a sua marca na nossa identidade”.

Para Abraão Vicente é uma “honra ser ministro da Cultura que homenageia estas personalidades, destacando, obviamente, pela idade, pelo percurso, Armando Tito, por de facto ser inspirador de várias gerações de caboverdianos e homenageando e entregando esta medalha nós queremos, também, homenagear todo o percurso do povo caboverdiano, um povo que não reconhece o talento e a entrega de uma geração e de várias gerações de criadores, acaba por não saber homenagear-se a si mesmo. É por isso que, na política cultural de Cabo Verde, temos estado a valorizar os direitos autorais, no sentido de salvaguardarmos e protegermos os nossos autores para o futuro”.

O ministro afirmou que em cada “dia 18 de outubro - Dia da Cultura Caboverdiana -, iremos homenagear cidadãos, criadores, compositores, músicos, instrumentistas de Cabo Verde onde quer que estejam”, com vista a “planificar o futuro e criarmos as condições para que os criadores e os compositores e os criativos de Cabo Verde sejam, de facto, a bandeira e os portadores da bandeira nacional”. Finalizou, reafirmando que “Cabo Verde sem cultura não tem a força que tem no mundo”.
As condecorações foram entregues pelo Primeiro-Ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva. Com medalhas de 1.º grau Toy Veira e Armando Tito, com 2.º grau Leonel Almeida, Maria Alice de Rocha Fátima Silva, Sara Alexandra Lima Tavares, Marlene Monteiro Freitas e Carmen Souza.
Leonel Almeida, em representação dos homenageados, agradeceu a todos os que contribuíram para esta condecoração, como famílias, amigos e cantores amigos.
Ulisses Correia e Silva definiu “este ato simbólico de reconhecimento do estado de Cabo Verde, através do Governo, de reconhecer todo o seu contributo que têm dado e que ainda irão, seguramente, dar para a música, a cultura, a arte caboverdiana. É sempre bom ressaltar que, o essencial de nós enquanto povo, está na sua cultura, em todas as manifestações culturais, desde a nossa língua, a nossa gastronomia, a nossa música, a transmissão de valores de pais para filhos”, acrescentando que todas as artes culturais caboverdianas “nos identificam como povo”.
“Quanto mais homenagearmos, estaremos a dar um contributo de reconhecimento social, reconhecimento político, reconhecimento devido àqueles que, de facto, fazem acontecer, uma parte substancial, do nosso país”, enfatizou Ulisses Correia.