As 22 autarquias de Cabo Verde vão receber, cada uma, um conjunto de 100 livros de autores de língua portuguesa para colmatar a falta de bibliotecas escolares e municipais e incentivar a leitura nas crianças e jovens.
"É o preenchimento de uma lacuna das bibliotecas municipais numa estratégia de maior articulação entre a Biblioteca Nacional e as câmaras municipais, pensando que, lá onde não temos escolas que reúnam condições para assegurar a promoção da leitura, vamos fornecer às câmaras 'kits' de livros que poderão vir a enriquecer aquilo que futuramente será uma rede de bibliotecas escolares e comunitárias", explicou a curadora da Biblioteca Nacional, Fátima Fernandes.
Os conjuntos de livros são compostos por 100 autores cabo-verdianos e de outros países de língua portuguesa que, na sua maioria, fazem parte das reservas do espólio da Biblioteca Nacional, mas resultam também de ofertas de embaixadas como a de Portugal e Espanha, segundo adiantou a curadora. A entrega dos livros insere-se na programação da Morabeza - Festa do Livro.
Sofia de Mello Breyner, Miguel Torga, Arménio Vieira, Corsino Fortes, Vera Duarte e Eugénio Tavares são alguns dos autores que integram o conjunto de 100 livros a atribuir às autarquias.
"A ideia é contemplar não só textos para o ensino secundário, mas também do contexto infantojuvenil. Os clássicos" disse.
A curadora da Biblioteca Nacional afirmou ainda que existe uma "preocupação grande" em tentar garantir o acesso a escritores clássicos cabo-verdianos como Baltazar Lopes ou Eugénio Tavares, mas admitiu falta de condições para reeditar todos de uma vez.
Com uma programação que se estende às escolas, com espetáculos musicais e debates, o festival é uma organização do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas e da Biblioteca Nacional.
A programação tem prevista uma feira do livro, mesas de debate, concertos, sessões de poesia, ações de formação, visitas a escolas e universidades, um colóquio dedicado ao poeta Eugénio Tavares (1867-1930), um seminário internacional sobre o escritor cabo-verdiano Luís Romano, que se radicou no Brasil na década de 1960, e ainda a pintura de um mural pelo duo Acidum.