Uma homenagem a Cabo Verde, espelhada num livro de poemas, é a mais recente obra de Nuno Rebocho “Rotxa Scribida” (nome de um dos “mistérios” que povoam as ilhas), apresentada no dia 30 de maio, no auditório da UCCLA.

 

De acordo com o Secretário-Geral da UCCLA, Vitor Ramalho, Nuno Rebocho é uma “figura singular na sua própria forma de ser e de estar, com um relacionamento muito próximo dos outros e foi sempre uma pessoa livre de pensamento. Tem a singularidade, também acrescida, de ser uma pessoa com um relacionamento profundíssimo com Cabo Verde e com um amor imenso a Cabo Verde”. Dando a conhecer alguns dos cargos que exerceu o autor, Vitor Ramalho destacou o seu mérito e a “personalidade de referência” que representa, sendo um “verdadeiro autodidacta, um homem estudioso, um leitor compulsivo e, sobretudo, um grande poeta”.

A editora Márcia Souto, da Rosa de Porcelana Editora, agradecendo a presença de todos e comunicando que infelizmente o autor não poderá estar presente por questões de saúde, fez questão de ler alguns dos poemas escritos por Nuno Rebocho.

 

A obra foi apresentada pelo poeta e escritor Mário Máximo, para quem as palavras “liberdade”, “amor” e “fraternidade” caracterizam inevitavelmente Nuno Rebocho por ser “um homem de liberdade, um homem de opiniões muito claras, por vezes inesperadas, que às vezes nos tomam até de surpresa, mas esse é o lado óptimo da cidadania”, depois o “amor” porque ele “é um homem do mundo, dedicou amor em termos de intimidade, em termos de amizade e, para onde foi, e Cabo Verde é bem o exemplo disso, assumiu uma relação de intensa afectividade” e, por fim, “fraternidade” porque o que “ele tem feito, ao longo do tempo, é essencialmente uma demonstração de atitude fraterna para com aqueles que ele admira, para com aqueles com quem ele concorda e até para com aqueles com quem ele discorda”

   

Este livro tem poemas que “nos tocam, mas que têm uma elegância, que têm uma personalidade que nos deixam, de facto, envolvidos. Este livro é um livro de miragens, de utopias, mas também de realidades”, lendo de seguida um dos poemas e concluindo que é um “excelente livro de poesia que representa, e de que maneira, o bom que é escrever em língua lusófona”.  

 

Apesar do título em crioulo, o autor presta homenagem a Cabo Verde, país onde residiu largos anos. Antes da apresentação em Lisboa, “Rotxa Scribida” já foi divulgado no arquipélago cabo-verdiano, nas cidades da Praia e da Assomada.

 

 

Nuno Rebocho é jornalista, poeta e escritor, nasceu em Queluz, Portugal, cresceu e estudou em Moçambique, viveu longos anos em Cabo Verde. 

Ex-jornalista da imprensa escrita e da rádio, tanto em Portugal como em Cabo Verde, desempenhou funções de chefe de redação da RDP Antena 2. Foi adjunto do Ministério da Habitação, Obras Públicas e Transportes do VI e VII Governos Constitucionais de Portugal e assessor da Câmara Municipal de Ribeira Grande de Santiago, em Cabo Verde. É Cidadão Honorário da Cidade Velha e nomeado assessor lusófono da Korsang di Melaka.

É autor de uma vasta obra publicada em Portugal, Cabo Verde, Brasil, Espanha e Argentina. 

Dezassete anos em Cabo Verde impregnaram o autor de cabo-verdianidade. Foram usos e costumes, foram hábitos e tradições, foi toda uma cultura crioula e até mesmo o seu linguajar muito especial que em quase duas décadas moldaram-lhe o ânimo e espírito tal como a bruma seca que, por longos períodos durante o ano, sobrevoa as ilhas.

Rotxa Scribida (nome de um dos “mistérios” que povoam as ilhas) é o mais recente livro de poemas de Nuno Rebocho, escritos durante a sua estadia em Cabo Verde.