A obra vencedora da 2.ª edição do Prémio Literário UCCLA, atribuída ao livro “Diário de Cão” da autoria de Thiago Rodrigues Braga foi apresentada nas lojas FNAC, em Lisboa.
A loja da FNAC Colombo recebeu, no dia 22 de janeiro, o vencedor, Thiago Braga, o representante da editora A Bela e o Monstro, João Pinto de Sousa, e o coordenador cultural da UCCLA, Rui Lourido.
Na ocasião, Rui Lourido fez a apresentação do livro e explicou a importância do Prémio Literário UCCLA - Novos Talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa, cujo objetivo é “estimular e promover a língua portuguesa, os jovens escritores e aqueles que nunca editaram nenhum livro de literatura”, constituindo um “prémio de revelação de novos valores da língua portuguesa”.
Para João Pinto de Sousa este Prémio Literário é uma iniciativa que “gira à volta de dois adjetivos, valores, que são a partilha e a oportunidade”.
Thiago Braga revelou o livro, que venceu o prémio, como um livro que “trata de um escritor que está em busca de um estilo de escrita que ainda não existe… para muitos críticos isso foi encarado como uma pretensão enorme, uma coisa impossível de acontecer, pois visto que tudo está dito e que na filosofia não é possível pensar mais, já se pensaram de mais na história da humanidade e eu, no livro, tento procurar uma linguagem que faz pensar e que tenta pensar. Essa linguagem é momentaneamente encontrada em alguns trechos de escrita que se encontram ao longo dos capítulos, que são sete, e um deles, o último capítulo, que eu considero mais complexo, é o filósofo em que o escritor reflete sobre questões importantes na literatura e na filosofia”.
Para o autor de “Diário de Cão” a influência e inspiração veio de autores como João Guimarães Rosa ou Rainer Maria Rilke, uma vez que ambos “acreditavam, com muita força, que ainda não se foi inventado tudo, que nem tudo foi feito ainda, que há muito por descobrir e que, pela frente, a humanidade ainda vai ter muitos grandes escritores”.
No dia 28 de janeiro, a loja da FNAC Chiado, acolheu a apresentação da obra na presença do autor, Thiago Braga, do representante da editora A Bela e o Monstro, João Pinto de Sousa, do representante do Movimento 2014, José Ribeiro e Castro, e do coordenador cultural da UCCLA, Rui Lourido.
Rui Lourido contextualizou o aparecimento do Prémio Literário UCCLA - Novos Talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa e o seu objetivo na “promoção da língua portuguesa, a produção de obras literárias para autores que nunca editaram qualquer livro de literatura”.
José Ribeiro e Castro explicou como surgiu o Movimento 2014 - 800 Anos da Língua Portuguesa e a importância de “celebrar a data do testamento de D. Afonso II” (27 de junho de 1214) que é considerado “o primeiro documento oficial em língua portuguesa”, para fazer a ligação ao Prémio Literário UCCLA pois é um “prémio lusófono, um prémio para autores que escrevam em português, mesmo que não residam em países de língua portuguesa, é um prémio de língua portuguesa global e perpetua esta ideia, este capital, este ativo de uma forma permanente. É um patamar de afirmação de novos escritores e tem tido um sucesso extraordinário, porque todos os anos são centenas de trabalhos que se apresentam e são novos nomes que aparecem e que podem ter aqui a oportunidade de verem o seu trabalho reconhecido”.
“A língua portuguesa apesar de ser velha, pois tem 800 anos, é uma língua fresca, uma língua jovem, uma língua aberta à sua renovação contínua, com contributos que veem da experiência angolana, moçambicana, timorense, cabo-verdiana, guineense, são-tomense e brasileira e que renovam, permanentemente, a língua como a grande língua contemporânea, uma grande língua global, uma grande língua da globalização” finalizou José Ribeiro e Castro.
Para João Pinto de Sousa o trabalho da editora é permitir “criar oportunidades e talentos” e é isso que tem sido feito ao longo das edições do Prémio Literário.
“Diário de Cão” é um livro “um pouco inquietante, pois ele não se encontra em nenhuma das enquadrações de género literário que exista até então, que é o conto, o ensaio ou o romance” de acordo com Thiago Braga.
Para o autor, “Diário de Cão” é um livro que “ondula entre esses interfaces da literatura, pois ele trata a princípio de autores que já são renomados, que já são considerados grandes nomes da tradição ocidental, Proust, Arthur Rimbaud, João Guimarães Rosa, Dostoiévski e por aí. Mas esses nomes aparecem porque o autor tem uma procura de uma coisa, e essa coisa é uma linguagem que seja uma linguagem artística, então ele usa esses autores como um espelho. Ele estuda esses autores, investiga eles e compara eles”, acrescentando que o livro centra-se numa “busca, a busca numa forma de dizer as coisas”.
De referir que o Prémio Literário UCCLA - Novos Talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa é uma iniciativa conjunta da UCCLA, editora A Bela e o Monstro e Movimento 2014, e que conta com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa.
A 2.ª edição do Prémio Literário UCCLA recebeu a concurso obras de 520 autores, que nunca haviam publicado um livro de literatura. De destacar a diversidade dos autores candidatos, que vão para além dos países de Língua Portuguesa, como Inglaterra, Holanda, Espanha, Argentina e Estados Unidos da América, com textos enviados em Português. Quanto ao género, um terço foram mulheres (169) e 351 homens.