

O angolano Claúdio da Silva foi o grande vencedor da décima edição do Prémio de Revelação Literária UCCLA-CMLisboa: Novos Talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa, com o livro "Boi". O anúncio ocorreu no dia 5 de maio - Dia Mundial da Língua Portuguesa - no Palácio Galveias, em Lisboa, e no âmbito do Festival Literário de Lisboa - 5L.
De destacar que o júri atribuiu, também, uma menção honrosa à obra “Depois que Deus morreu”, uma novela-ensaio da autoria de Carla Pereira.
Veja aqui o vídeo da apresentação no Palácio Galveias

O evento contou com as intervenções da Diretora Municipal de Cultura da Câmara de Lisboa, Laurentina Pereira, da Chefe de Divisão da Rede de Bibliotecas de Lisboa, Edite Guimarães, da Secretária-Geral Adjunta da UCCLA, Embaixadora Paula Leal da Silva, e do coordenador da Cultura da UCCLA, Rui Lourido.
Rui Lourido fez um enquadramento do prémio e deu a conhecer outras iniciativas culturais levadas a cabo pela UCCLA. Relativamente ao prémio, deu conta da abrangência geográfica do prémio, vencedores das anteriores edições, género literário das participações, entre outras informações.
Para a Embaixadora Paula Leal da Silva este prémio marca a “solenidade da língua portuguesa no âmbito do Festival 5 L” e que vem ganhando espaço e reconhecimento mundial. “O português é uma língua global e cultural” e este prémio representa “o mais importante em termos de revelação literária, em língua portuguesa, possuindo uma dimensão internacional alargada e deveras representativa” acrescentou.
A fundamentação do júri, na atribuição dos vencedores desta edição, foi destacada pela Secretária-Geral Adjunta da UCCLA. Relativamente à obra “Boi” “Este objecto não está à venda. Sinopse: De longe a melhor candidatura. Prosa faceta, consciência literária, domínio narrativo, ficcionalidade e ironia quanto ao que pode a literatura – a portuguesa e a instância crítica – há muito que faltava uma prosa assim, arrancada à melhor dicção de mestres como Rúben A., Luiz Pacheco, Manuel da Silva Ramos. Exemplo: a abertura do livro, a dinamitação do projecto-livro, a suspeita de que o literário é um campo minado”.
No que respeita à obra “Depois que Deus morreu” é uma “Narrativa poderosa, intimista e medidativa, com personagens, poucas, cujas linhas de acção ora parecem acontecer numa realidade de facto, ora numa outra realidade paralela, metafísica, Depois que Deus Morreu é um caso feliz de construção bem montada e breve de uma narrativa aguda, nem conto, nem novela”.
Após a leitura das fundamentações do júri, a Embaixadora declarou estar aberta a 11.ª edição do Prémio de Revelação Literária UCCLA-CMLisboa.
Apesar de ter desempenhado vários trabalhos na área cultural, é a primeira vez que Claúdio da Silva o “transforma em objeto literário fechado” referiu. O livro é “uma espécie de investigação policial, em busca de um autor fantasma. “Boi” porque é um animal mítico”.
De referir que, no âmbito da apresentação dos vencedores do Prémio de Revelação Literária UCCLA-CMLisboa, irão decorrer os seguintes eventos:
- Dia 20 de maio, às 10 horas, na sede da CPLP, em Lisboa;
- Dia 21 de junho, às 17 horas, na Feira do Livro de Lisboa, Auditório Sul, com o lançamento do livro Boi.
Biografia dos vencedores:
Cláudio da Silva, natural do Huambo, Angola, nasceu em 1974. É encenador, dramaturgo e ator de teatro. Tem licenciatura em Língua Portuguesa e Línguas Estrangeiras Aplicadas e Bacharelato em Teatro. Recebeu o prémio SP/RTP para Melhor Actor de Cinema pela interpretação no Filme do Desassossego de João Botelho (2011) e o Globo de Ouro SIC/Caras para melhor ator de Teatro pela interpretação em Se Isto é Um Homem de Rogério de Carvalho (2021). É colaborador da Associação Cultural e Ecológica Palettentheater Kollektiv.
Carla Pereira nasceu em Braga, Portugal, em 1983. Estudou Filosofia, disciplina que lecionou até seguir o caminho do exercício físico, área na qual trabalha atualmente, maioritariamente com jovens. Desde sempre que se maravilha com as palavras, especialmente pela capacidade destas se juntarem umas às outras, criando outros mundos. Depois que Deus morreu foi o seu primeiro livro.
10.ª edição do Prémio de Revelação Literária UCCLA-CMLisboa
A capacidade de atração do Prémio continua a expandir-se, abrangendo participantes de diversos continentes e totalizando, nesta edição, 14 países de residência, incluindo os países de língua oficial portuguesa. Recebemos obras em língua portuguesa de África (Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique), América (Brasil), Ásia (Timor-Leste), Europa (Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Itália, Portugal e Suíça) e Oceânia (Austrália).
Esta edição reuniu 249 candidaturas, sendo que o Brasil se mantém como o país com o maior número de candidaturas, seguido por Portugal e Moçambique, reafirmando a forte participação dos falantes de português nestes territórios. Desde a sua criação, o Prémio tem-se consolidado como a principal iniciativa de revelação literária no espaço da língua portuguesa, reunindo anualmente centenas de candidaturas.
O concurso mantém o seu compromisso de incentivar a escrita entre os jovens - 42% dos participantes têm menos de 40 anos -, enquanto promove o diálogo intergeracional, com escritores seniores entre os 70 e os 80 anos. Em termos de representatividade de género, as mulheres correspondem a 32% dos concorrentes, à semelhança da edição anterior, reiterando o crescimento gradual da participação feminina.
Com estes números, o Prémio de Revelação Literária UCCLA-CML reforça a sua importância como um promotor da descoberta de novos talentos, promovendo a diversidade cultural e a literatura em língua portuguesa a nível global.
Constituição dos membros do júri:
Domício Proença - Brasil
Germano Almeida - Cabo Verde
Hélder Simbad - Angola
Inocência Mata - São Tomé e Príncipe
José Pires Laranjeira - Portugal
Luís Carlos Patraquim - Moçambique
Luís Costa - Timor-Leste
Tony Tcheka - Guiné-Bissau
Yao Jing Ming - Macau
João Pinto de Sousa - Representante do Movimento 800 Anos de Língua Portuguesa
Rui Lourido - Representante da UCCLA
Prémio de Revelação Literária UCCLA-CMLisboa
O Prémio de Revelação Literária UCCLA-CMLisboa tem como objetivo reconhecer e apoiar novos talentos literários, nos domínios da prosa de ficção (romance, novela, conto e crónica) e da poesia, em língua portuguesa, por escritores que nunca tenham publicado uma obra literária.
Este prémio foi criado pela UCCLA, em 2015, juntamente com o Movimento (2014) 800 Anos da Língua Portuguesa. Conta com a parceria da editora Guerra e Paz, que se responsabiliza pela edição da obra premiada, e da Câmara Municipal de Lisboa, no âmbito do Festival Literário de Lisboa ‐ 5L.
Vencedores das edições anteriores:
Publicações da editora Guerra e Paz:
9.ª edição: Cantagalo de Fernanda Teixeira Ribeiro (Brasil)
8.ª edição: Breviário de Medo e Malícia de Leonel Araújo Barbosa (Portugal)
7.ª edição: Caligrafia de Alexandre Siloto Assine (Brasil)
6.ª edição: O Sonho de Amadeu de Leonardo Costa Oliveira (Brasil)
5.ª edição: O Heterónimo de Pedra de Henrique Reinaldo Castanheira (Portugal)
Publicações da editora A Bela e o Monstro:
4.ª edição: Praças de António Pedro Serrano de Sousa Correia (Portugal/Angola)
3.ª edição: Equilíbrio Distante de Óscar Maldonado (Paraguai/Brasil)
2.ª edição: Diário de Cão de Thiago Rodrigues Braga (Brasil)
1.ª edição: Era uma vez um Homem de João Nuno Azambuja (Portugal)








